O desafio

A Educação Infantil, primeira etapa do ensino formal, é essencial para o desenvolvimento da criança e exige um olhar diferenciado das(os) docentes. O cotidiano em sala de aula é bastante dinâmico e envolve um cuidar e um educar específicos, que englobam, também, considerar as diferentes demandas de cada criança. Conseguir criar um modelo de acompanhamento da aprendizagem era um grande desafio nesse contexto. Isso porque docentes da Educação Infantil enfrentam desafios relacionados à formação profissional específica para essa fase da aprendizagem (clique aqui e saiba mais). Além disso, nem sempre as condições são adequadas: rotina diária intensa, substituição de funcionárias(os) que faltaram no dia ou até mesmo orientações de docentes novas(os) na unidade, entre outras adversidades que dificultam o desenvolvimento de um trabalho de qualidade e personalizado.

A escola que inspirou a prática

  • Centro Municipal de Educação Infantil Darci Ribeiro
  • Educação Infantil
  • Escola urbana com 130 estudantes e 8 docentes
  • Ano de referência – 2023
  • Município de Ponta Grossa (PR)

Esta prática foi inspirada na entrevista com Manuela Semkiw dos Santos sobre sua experiência em gestão escolar. Agradecemos a Manuela por compartilhar conosco iniciativas realizadas para a melhoria da aprendizagem.

A solução

A equipe gestora implementou visitas regulares às salas de aula, com roteiro específico de observação, e  e estabeleceu reuniões com pautas formativas.

Principais resultados

  • Amadurecimento do corpo docente quanto ao desenvolvimento de práticas para acompanhar a aprendizagem das crianças na Educação Infantil.
  • Três das(os) 12 docentes da escola assumiram cargos de gestão em outras unidades de ensino, pelo bom desempenho apresentado a partir das práticas adotadas em sala de aula.
  • Docentes e equipe gestora puderam conhecer melhor cada criança, suas realidades dentro e fora da escola, para atender a necessidades específicas.

Passo a passo do acompanhamento pedagógico para docentes da Educação Infantil

Planejamento

  • Reserve um horário, que pode ser semanal ou quinzenal, para que equipe gestora e docentes realizem uma reunião de estudo (clique aqui e saiba mais), alinhamento e troca de experiência sobre o dia a dia em sala de aula.
  • Organize uma agenda de visitas às salas de aula, considerando todas(os) as(os) docentes de todas as turmas.
  • Combine essas visitas antecipadamente com as(os) docentes. Lembre cada uma(um) que o objetivo é apoiá-las(os), e não vigiá-las(os). Veja mais sobre comunicação inclusiva e escuta ativa.
  • Combine com a(o) docente como será sua entrada em sala, como isso será explicado às(aos) estudantes, para que a visita ocorra da maneira mais tranquila possível.
  • Caso não consiga observar todas as salas semanalmente, priorize quem precisa de mais apoio com visitas semanais, deixando outras turmas com visitas quinzenais, por exemplo. Se necessário, divida as visitas entre a equipe gestora, mas mantendo um estreito alinhamento prévio e posterior às visitas.
  • Defina o que será observado em cada visita. Para isso, peça às(aos) docentes que compartilhem antecipadamente seus planos de aula.
  • Elabore um roteiro de observação. Por exemplo: ausentes e presentes, tempo previsto para cada atividade, grau de envolvimento de cada criança, nível de desafio que cada atividade proposta apresenta, atingimento dos objetivos previstos etc.).
  • Defina os indicadores que serão observados em cada visita – por exemplo, a psicomotricidade , o desenvolvimento social e motor das crianças. 
  • Veja também a ficha de acompanhamento, indicada no item “Materiais de referência”.

Acompanhamento pedagógico

  • Após as visitas, faça reuniões de alinhamento com as(os) docentes (clique aqui e saiba mais), Peça a elas(es) que avaliem como foi a aula e apresente suas impressões de forma franca e gentil, embasada em evidências. Busque uma comunicação objetiva e direta (clique aqui e saiba mais). Aproveite para sanar eventuais dúvidas, pactuar o que pode ser ajustado e perguntar qual outro apoio faz-se necessário.
  • Encerre as reuniões de alinhamento com propostas para as próximas visitas – a aplicação de um jogo, por exemplo, para a observação de um novo indicador, como as habilidades de leitura.

A equidade na rotina da escola

  • As visitas às salas de aula propiciaram a identificação de docentes com maior necessidade de acompanhamento, possibilitando conhecer o perfil de cada uma(um) e seus desafios individuais. Dessa forma, o registro da aprendizagem das(os) estudantes pode contribuir para ações de equidade também entre docentes.
  • O monitoramento permite que problemas sejam identificados, como questões de falta de higiene, violência, nutrição das crianças, déficits de aprendizagem e demais vulnerabilidades. Com base nessa percepção, estudantes em situação mais vulnerável podem ser cuidadas(os), a partir de intervenções da escola junto às famílias.

Desafios enfrentados

  • As visitas iniciais da gestão escolar às salas de aula criaram certo tumulto entre as crianças. Com a frequência semanal, o ambiente voltou ao normal.
  • Docentes se sentiam preocupadas(os) com a visita da equipe gestora e não agiam com naturalidade. Assim, a gestão precisou se manter muito atenta para não passar a ideia de vigilância nas visitas.
  • Resistência das(os) docentes quanto ao volume de encontros e reuniões propostos para acompanhamento da aprendizagem.

Materiais de referência

Comunidade escolar envolvida

  • Estudantes
  • Docentes
  • Lideranças escolares

Para saber mais

Esta prática contribui para o acompanhamento pedagógico sistêmico, pois engloba o planejamento docente, a observação das aulas e das interações entre professoras(es) e estudantes e a análise de resultados de aprendizagem em conjunto com o corpo docente, além de dar devolutivas estruturadas (coletivas e individuais) (clique e saiba mais).