O desafio
Nas primeiras semanas do ano letivo, docentes perceberam que muitas(os) estudantes não tinham proficiência em língua portuguesa e matemática correspondente às suas respectivas etapas de ensino. Foi necessário investigar a proporção do problema para pensar em ações de enfrentamento.
A escola que inspirou a prática
- Escola Municipal Clube de Mães
- Ensino Fundamental I – 2º e 5º anos
- Escola urbana com 284 estudantes e 13 docentes
- Ano de referência – 2023
- Município de Camaçari (BA)
Esta prática é inspirada na entrevista com Tatiane Ribeiro sobre sua experiência em gestão escolar. Agradecemos a Tatiane por compartilhar iniciativas realizadas na escola para a melhoria da aprendizagem.
A solução
Uma avaliação diagnóstica interna, com questões dissertativas, de leitura e de múltipla escolha, constatou que 70% da turma do 2º ano não eram leitoras(es), e que grande parte sequer identificava as letras do alfabeto. O 5º ano também apresentou resultados abaixo do esperado: quase 50% das(os) estudantes eram apenas leitoras(es) de palavras, mesmo estando no último ano do Ensino Fundamental I.
Os resultados foram cruzados com os das demais escolas do município – confirmando a necessidade de ações para a recomposição da aprendizagem – e com dados socioeconômicos das(os) estudantes, favorecendo a elaboração de ações equitativas. Mais à frente, novas avaliações mensuraram a efetividade das ações implementadas. Dados qualitativos ajudaram a aumentar a compreensão sobre o problema da defasagem de aprendizagem.
Principais resultados
- Observação mais apurada do desempenho de cada estudante (clique aqui e saiba mais).
- Sistematização de dados e evidências para orientar a tomada de decisão.
- Acompanhamento sistemático da aprendizagem (clique aqui e saiba mais).
- Mais equidade na educação oferecida às(aos) estudantes.
Passo a passo para coletar os dados qualitativos
- Durante a aplicação da avaliação diagnóstica, observe (clique e saiba mais) as(os) estudantes para capturar dados subjetivos, como a qualidade da interação com colegas e adultos. Observação em sala de aula é um método bastante utilizado nas escolas. Professoras(es) devem estar cientes e de acordo. Também devem receber uma devolutiva para aprimorar o processo.
- Para complementar a análise dos resultados, e basear soluções equitativas, é importante que a escola tenha uma base de dados socioeconômicos das(os) estudantes (clique saiba mais), coletados durante a matrícula e complementados no início do ano letivo.
- Registre de forma padronizada características socioeconômicas e familiares, local de moradia, raça/cor, gênero e deficiências. Pode ser em uma planilha on-line (acesse um modelo de planilha no “Guia para realizar um bom diagnóstico de equidade racial” – pág. 31).
- Deixe espaço nessa base de dados (pode ser uma planilha) para observações contextuais (clique e saiba mais).
- Para garantir o engajamento no processo, explique às(aos) estudantes e às famílias a importância dos dados qualitativos para aprofundar a avaliação diagnóstica.
Importante! A escola deve observar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018, assegurando à(ao) titular dos dados todos os direitos previstos em lei. “Dados sobre um indivíduo são confidenciais e servem para fins estatísticos, jamais devem ser abordados publicamente. Em apresentações ou reuniões com a comunidade, portanto, não cite estudantes ou educadoras(es) de forma individualizada, tampouco apresente informações que permitam identificar a unidade de ensino à qual pertencem”. Saiba mais no Guia para realizar um bom diagnóstico de equidade racial.
A equidade na rotina da escola
- Todas(os) as(os) estudantes, não apenas aquelas(es) com baixo rendimento e dificuldade de aprendizagem, são avaliadas(os). Isso permite diferenciar estratégias e abordagens ao longo do ano.
- A avaliação diagnóstica identifica desafios ligados aos marcadores de desigualdade educacional e apoia a criação de soluções pedagógicas para estudantes em situação de vulnerabilidade, respeitando suas características e necessidades.
- A avaliação diagnóstica também propicia conhecer o perfil da escola e de suas(seus) estudantes, comparando-o com o de outras escolas da rede para enfrentar as desigualdades. Dessa forma, ela contribui para ações da secretaria de educação, permitindo que todas(os) as(os) estudantes alcancem o melhor nível de aprendizagem.
Desafios enfrentados
- Conciliação de agendas de toda a equipe docente para traçar o processo, considerando que cada uma(um) já tinha seu momento de planejamento individual com a coordenação, o que demandou mais de uma data para o tema avaliação.
- Comunicação com as famílias. Nem todas comparecem às reuniões agendadas, e é importante buscar outras estratégias de comunicação (clique e saiba mais).
Materiais de referência
- Avaliação diagnóstica interna – 2º ano e 5º ano
- Roteiro de observação subjetiva (clique aqui e saiba mais)
- Questionário para complementação de dados das(os) estudantes (clique e saiba mais)
- BNCC (clique aqui e saiba mais)
- Marcadores de desigualdade educacional (clique aqui e saiba mais) (link para acesso material CL)
- Matriz de práticas do Centro Lemann (clique aqui e saiba mais) (link para acesso material CL)
- Guia para realizar um bom diagnóstico de equidade racial – Centro Lemann
Comunidade escolar envolvida
- Estudantes
- Docentes
- Liderança escolar
- Demais funcionárias(os) da escola
- Famílias
- Secretaria de educação
Para saber mais
Esta prática contribui para o acompanhamento pedagógico sistêmico, pois explicita objetivos pedagógicos e parâmetros de qualidade e equidade educacionais claros, arrojados e alinhados com a rede de educação, que considerem recortes socioeconômicos, de raça/cor e gênero, entre outros, com vistas a evitar a reprodução de desigualdades (clique aqui e saiba mais).